Guerreiro ramos: por uma sociologia de mangas arregaçadas
Guerreiro Ramos (1915-1982) foi um sociólogo baiano, de família pobre. Foi deputado federal pelo PTB da Guanabara, militante do movimento negro, nacionalista, técnico em administração do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público), membro do TEN (Teatro Experimental Negro) a partir de 1944, integrante do IBESP (Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política) e posteriormente do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros). Foi docente na Fundação Getúlio Vargas, na Universidade Federal de Santa Catarina e na Universidade do Sul da Califórnia. Era um sociólogo engajado na política nacional, tinha como bandeiras o nacionalismo, a industrialização e o desenvolvimento do país. Após o golpe de 1964, é exilado nos Estados Unidos da América. Suas maiores críticas dizem respeito à submissão às idéias vindas de fora, o elitismo dos intelectuais e o descompromisso com o país. De suas opiniões polêmicas surgiram disputas com importantes sociólogos como Roger Bastide e Florestan Fernandes. No II Congresso Latino-Americano de Sociologia, que ocorreu entre 10 e 17 de julho de 1953, no Rio de Janeiro e em São Paulo, Guerreiro Ramos defendeu, enquanto presidente da Comissão de Estruturas Nacionais e Regionais, 7 teses ou recomendações que foram desaprovadas por 22 votos contra 9. É este acontecimento que dá origem a contenda envolvendo Ramos e, principalmente, Florestan Fernandes, e que dá origem também ao livro “Cartilha Brasileira do Aprendiz de Sociólogo”, de 1954. No livro em questão Guerreiro Ramos argumenta a favor de cada uma de suas teses não aprovadas no Congresso e o livro, como o próprio nome “Cartilha” já indica, funciona – e pretende funcionar - como um compêndio de “como fazer sociologia”. Antes de entrarmos na discussão do livro é importante destacar que a disputa entre Guerreiro Ramos e Florestan Fernandes era mais institucional do que pessoal. O