Guerra do Paraguai
Maior conflito armado ocorrido na América do Sul, a guerra do Paraguai (1864-1870) foi o desfecho inevitável das lutas travadas durante quase dois séculos entre Portugal e Espanha e, depois, entre Brasil e as repúblicas hispano-americanas pela hegemonia na região do Prata.
A guerra do Paraguai surgiu de um complexo encadeamento de rivalidades internacionais, de ambições pessoais e das peculiares condições geográficas da região platina. Na época do conflito, o Império do Brasil emergia provavelmente como a nação mais influente e bem organizada da América do Sul, tendo fortalecido sua posição no continente após o período de lutas contra Rosas (na Argentina) e Oribe (no Uruguai). Desde a independência do Paraguai, em 1813, o Brasil passara a manter relações satisfatórias com esse país, mesmo durante o longo período de isolamento que sofrera a nação paraguaia sob os governos de Francia e de Carlos Antonio López.
O marechal paraguaio Francisco Solano López sucedeu ao pai no momento em que arrefecera a rivalidade entre a Argentina e o Brasil, os dois pólos de poder do continente. Sua ambição era tornar o Paraguai uma potência platina, capaz de competir com a Argentina e o Brasil pela preeminência na América do Sul. Atribuía o confinamento de seu país, em parte, às maquinações diplomáticas entre o Brasil e os argentinos, que dificultavam ao Paraguai a navegação fluvial e o exercício de um relevante comércio internacional. Em seu avanço para oeste, o Brasil poria em risco a nação paraguaia, e a consolidação das províncias argentinas criaria um poderoso rival na fronteira sul do país. López alimentava o plano de uma confederação das populações hispânicas do interior. Reunindo o Paraguai, as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes, o Uruguai e talvez a parte meridional do Rio Grande do Sul, teria condições de fazer frente tanto ao Brasil quanto à Argentina.
Com a reviravolta política ocorrida na Argentina, em 1861, após a batalha de Pavón,