Grupo pao de açucar
20/12/2005 ________________________________________________________________________ Desde que comecei a exercer a função de gestor de renda variável em países emergentes, há 14 anos, sempre me intrigou, o uso sistemático e incondicional dos DCFs (Modelos de Fluxo de Caixa Descontado) pela maioria dos analistas e gestores de fundos na avaliação do potencial de valorização de ações. O DCF é um modelo de avaliação de empresas baseado na projeção dos fluxos de caixa futuros e perpétuos, estes trazidos a valor presente usando-se uma determinada taxa de desconto. Essa metodologia é uma espécie de analogia à sistemática utilizada na hora de definir o preço de ativos de renda fixa. Sem invalidar o uso dos DCFs como um exercício de avaliação de empresas e plataforma de comunicação entre analistas, gostaria de levantar três pontos fundamentais que limitam a eficácia desta ferramenta de análise na tomada de decisões de investimento em ativos de renda variável: 1) O fator "Tempo": Quem utiliza os DCFs precisa definir diversas premissas para o futuro, entre elas: a projeção de crescimento para a empresa no período explícito (geralmente os próximos três anos), a estimativa de crescimento para o período de transição (do terceiro ano ao décimo), a taxa projetada de crescimento para a perpetuidade (do décimo ano em diante) e, por fim, a taxa de desconto que deverá ser aplicada a todo o fluxo de caixa futuro. Vale ressaltar que esta taxa deve contemplar entre outras estimativas o risco-país e o prêmio de risco do mercado acionário. Tudo isso parece interessante e útil porque, nesse processo, alguns pontos importantes para a dinâmica da empresa são analisados e discutidos. Porém, nesta metodologia, mais de 60% (chegando a 90%, dependendo do setor) do valor de uma empresa - e conseqüentemente o seu potencial de valorização - depende da atribuição do "valor da empresa na perpetuidade". As premissas atribuídas ao longo