Gregório de Matos Guerra
Gregório de Matos Guerra nasceu em 1633, em Salvador (BA), a qual era, naquele ano, a capital do Brasil e é tido como o primeiro poeta brasileiro. Era de uma família rica, formada por empreiteiros e altos funcionários administrativos. Estudou num colégio Jesuíta da Bahia e depois continuou seus estudos na cidade de Lisboa e depois na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito. Ao retornar ao Brasil, passou a viver de trabalhos na área jurídica, mas também começou sua dedicação à literatura. Passou a escrever sátiras sobre a sociedade da época. Em função de suas críticas duras aos integrantes da sociedade (políticos, religiosos, empresários) ganhou o apelido de “boca do inferno”. Também escreveu poemas de caráter erótico e amoroso. As autoridades locais começaram a ficar descontentes com as críticas e passaram a perseguir Gregório de Matos. Preso em 1694, foi deportado para Angola (África). Depois de um tempo, ganhou a autorização para retornar ao Brasil. Porém, viveu na cidade de Recife. Nesta cidade, faleceu em 26 de novembro de 1696 de febre que havia contraído em Angola.
● Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem..
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertidos: Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido: Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
(Gregório de Matos Guerra)
* Características ● Esse poema é um dos mais famosos de Gregório de Matos Guerra, e pode ser