Grande Sertão Veredas
“Ora, veja. Remedêio peco com pecado? Me tôrço! Com essa sonhação minha, compadre meu Quelemém concorda, eu acho. E procurar encontrar aquele caminho certo, eu quis, forcejei; só que fui demais, ou que cacei errado. Miséria em minha mão. Mas minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha? O senhor reza comigo. A qualquer oração. Olhe: tudo o que não é oração, é maluqueira... Então, não sei se vendi? Digo ao senhor: meu medo é esse. Todos não vendem? Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele eu vendi a alma... Meu medo é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador...”
Neste trecho de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, é possível notar a presença de diversos elementos da obra, os quais se reúnem como uma espécie de síntese da história narrada. Ao final da análise, teremos uma razoável explicação para um dos maiores