goiania azul
Elza Guedes Chaves1
Na cidade de Goiânia, durante a ensolarada e calorenta tarde domingueira de
13 de setembro de 1987, dois sucateiros
Pereira
Roberto Santos Alves e Wagner Mota
dirigiram-se às ruínas de um prédio situado entre as Avenidas Tocantins e
Paranaíba, no centro da cidade, onde funcionara uma clínica de radioterapia, visando retirar do local um equipamento abandonado. Movia-os a possibilidade de utilizarem o chumbo que revestia o aparelho para vendê-lo como sucata a um dos ferros-velhos da cidade
Recolheram uma de suas partes e, com a utilização de um carrinho de mão, levaram-na para a moradia de Roberto, no n0 68 da Rua 57, no Setor Central. No quintal da casa, usando ferramentas comuns, separaram a parte de chumbo do restante da peça, rompendo a janela de irídio que protegia a cápsula de césio 137, o que permitiu a liberação de radioatividade para o meio ambiente. Tinha início aí o acidente com o césio 137 em Goiânia.
A partir da violação do lacre do equipamento, a radiação foi liberada para um grupo de pessoas que manipularam partículas de césio 137 como se fossem sucata comum. Como conseqüência, os efeitos do acidente atingiram homens, mulheres, crianças, animais domésticos, casas, ruas, chegando até à atmosfera. A radiação, oficialmente, atingiu uma área de 2.000 m2 não contínuos, infiltrando-se no solo até a profundidade de 50 cm, em alguns pontos, provocando a necessidade da derrubada de árvores e plantas, num raio de 100 m das zonas afetadas. Segundo informações de técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que participaram do processo de descontaminação de Goiânia, foram demolidas sete casas e gerados
6.500 m3 de rejeitos radioativos, que foram transferidos para um depósito provisório na cidade de Abadia de Goiás onde, posteriormente, foi construído um depósito definitivo. De acordo com informações oficiais, quando o fato se tornou público dezesseis