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2857 palavras 12 páginas
Estados Gerais da Psicanálise: Segundo Encontro Mundial, Rio de Janeiro 2003

Entre próteses e prozacs
O sujeito contemporâneo imerso na descartabilidade da sociedade de consumo1
Maria Lucia Homem2
RESUMO:
A ciência e a tecnologia, amparadas entre si e conduzidas pelo grande artífice mercado, propiciam, nos tempos atuais, correntes ininterruptas de geração de objetos: cada vez mais
“novos” e “avançados” produtos que moldariam um novo ser imerso numa nova qualidade e forma de vida. Como vem discutindo a crítica – na esteira da Escola de Frankfurt e da psicanálise até os críticos da dita pós-modernidade - vivemos sob uma crescente e aparentemente inevitável mercantilização de todos os domínios da experiência humana.
Como situar o sujeito contemporâneo quando tal consumismo penetra territórios até então sagrados e restritos ao âmbito do privado, como seu corpo, agora remodelado (modelagem estética), reconstruído (body building), re-instaurado (procedimentos cirúrgicos), enfim, refeito? Ou sua alma, ‘aquietada’ com produtos psicofarmacológicos, cada vez mais
“eficazes” na tentativa de domesticar o medo, a tristeza e a angústia (vide o approach bioquímico do pânico e depressão, sintomas da modernidade)? Este artigo – a partir de considerações de Freud, Lacan e pensadores da cultura como Adorno e Debord – abordará tais questões, enfocando as formas de funcionamento e as consequências psíquicas e sobre a psicanálise de tal objetificação radical do sujeito, na busca infatigável de um recauchutado, potente e alegre novo ‘eu’, pobre consumidor de si mesmo.
Palavras-chave: sujeito, sociedade de consumo, mídia, objetificação, prótese

Já Freud, em "O mal-estar na civilização", apontava o inevitável fosso entre o indivíduo que busca obter prazer e a cultura que exerce a função repressora desse movimento. Deparamo-nos, assim, continuamente, com um gap estrutural que nos coloca na obrigatoriedade de um lugar de renúncia de
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Possibilidades de

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