Gil vicente
O Auto da Sibila Cassandra, escrito em 1513, introduz os deuses pagãos na intriga e por isso é considerado por alguns como o marco inicial do Renascimento em Portugal.
Alguns dos autos foram impressos em vida do autor, sob a forma de folhetos - literatura de cordel -, mas a primeira edição do conjunto das suas obras só foi feita em 1562, tendo sido organizada por seu filho Luís Vicente. Dessa primeira Compilação não constam três dos autos escritos por Gil Vicente, provavelmente por terem sido proibidos pela Inquisição. Aliás, o Index Librorum Prohibitorum (índice dos livros proibidos) de 1551 incluía já sete das obras de Gil Vicente.
É considerado um autor de transição entre a Idade Média e o Renascimento. De facto, a estrutura das suas peças e muitos dos temas tratados são desenvolvimentos do teatro medieval. No entanto, alguns dos aspectos críticos apontam já para uma concepção humanista. Em muitos dos seus autos defende concepções e valores tipicamente medievais, no aspecto religioso, por exemplo, mas outras vezes assume posições críticas muito próximas daquelas que eram defendidas pelos humanistas europeus. Em 1531, em carta ao rei, defendeu firmemente os cristãos-novos a quem era atribuída a responsabilidade pelo terramoto de Santarém. Também no Auto da Índia apresenta uma visão anti-épica da expansão ultramarina, pondo em evidência as motivações materialistas de muitos dos seus agentes.
Não é fácil estabelecer uma classificação das peças escritas por Gil Vicente. Ele próprio dividiu-as