Gestão estratégica de negócios marketing
Print version ISSN 0102-8839
São Paulo Perspec. vol.13 no.4 São Paulo Oct./Dec. 1999 doi: 10.1590/S0102-88391999000400006
A VIOLÊNCIA DISSEMINADA Violência nas escolas: quando a vítima é o processo pedagógico
Felícia Reicher Madeira
Socióloga, Demógrafa, Diretora Adjunta de Análise Socioeconômica da Fundação Seade
A gente passa a roupa, pega a roupinha mais bonitinha que a gente tem quando chega lá é rebaixado.
Jovem da periferia de Brasília O primeiro semestre deste ano foi marcado por ações concretas e discussões acaloradas sobre um tipo de violência bastante específica em pelo menos três aspectos: acontece em ambientes ou em espaços próximos às escolas; aparece como se fosse impulsionada por uma epidemia internacional de criminalidade entre adolescentes; e o contágio se efetiva via mídia.
Quem está de alguma forma familiarizado com ecos de manifestações criminosas perversas que ocupam muito espaço na mídia, sobretudo quando envolvem adolescentes, certamente não se surpreendeu com este fato. Após o chocante evento da Columbine High School, na pequena comunidade de Littleton, um subúrbio de Denver, no Colorado, e o surto de insanidade de um estudante de uma escola em Atlanta, nada mais esperado do que a síndrome da violência escolar por contágio via mídia. De fato, depois destes trágicos episódios nos Estados Unidos, a mídia, no resto do mundo e naturalmente no Brasil, passou algumas semanas destacando dezenas de ocorrências relativas à violência (desde o porte de arma para ganhar aposta de R$ 1 até o assassinato de uma professora) no circuito da vida escolar, que pipocavam pelo mundo, quando ainda estava quente na memória de todos a tragédia norte-americana.
Esta não é a nossa primeira manifestação deste tipo de síndrome envolvendo adolescentes. Apenas para citar fato mais próximo e mais recente, vale lembrar que, por ocasião do brutal assassinato do índio Galdino por adolescentes da classe média em