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5376 palavras 22 páginas
Pessoas interessadasFUTEBOL E RACISMO: O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL EM CAMPO

Seleção Brasileira - 1950. Em pé: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer e Bigode. Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir, Jair, Chico e Mário Américo (massagista). Copyright:Wikicommons AumentarA história do futebol brasileiro contém, ao longo de um quase um século, registros de episódios marcados pelo racismo. Eis o paradoxo: se de um lado a atividade futebolística era depreciada aos olhos da "boa sociedade" enquanto profissão destinada a pobres, negros e marginais, de outro ela se achava investida do poder de representar e projetar a nação em escala mundial. O processo de difusão do futebol em São Paulo teve ao longo da história um caráter multifacetado, percorrendo vários espaços lúdicos, engajando inúmeros agentes sociais, avançando mediante uma dinâmica não isenta de contradições.

Desde as escolas religiosas, passando pelos times de fábrica, incluindo os clubes de elite, a bola começou a rolar muito cedo – no Velódromo Paulista e na Várzea do Carmo. Por toda parte, ela estimulava a formação de equipes, atraía a atenção do público, abria caminho entre as classes sociais e os grupos étnicos, seguindo o traçado das linhas de ferro, como, por exemplo, o da Ponte Preta, em Campinas, onde, como revela o historiador José Moraes Neto, em 1900 atuava Miguel do Carmo, jovem ferroviário e jogador negro. VÍNCULO MENOS ASSIMÉTRICO ENTRE NEGROS E BRANCOS O trem do futebol descortinava perspectivas promissoras no terreno das relações sociais. Mas embora transportasse ricos e pobres, negros e brancos, ele o fazia alocando os diversos grupos em vagões separados, combinando os critérios de distinção social com os da discriminação racial para reservar à juventude privilegiada o uso exclusivo da primeira classe. Enquanto esta agia de modo a reforçar as divisões internas da composição, a mocidade alegre dos subúrbios buscava franquear a passagem a fim de enriquecer a experiência da viagem. Caberia, nesse

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