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Toda a obra de Álvares de Azevedo é de publicação póstuma. Ao núcleo inicial das Poesias (Lira dos Vinte Anos), publicadas em 1853, no Rio de Janeiro, pela Tipografia Americana, seguiram-se reedições sucessivas e ampliadas, que foram incorporando os seguintes títulos, que compõem a obra completa:
“Ficarás tão adiantado agora, meu leitor, como se não lesses essas páginas, destinadas a não serem lidas.
Deus me perdoe!
Assim é tudo!
Até os prefácios!”
Lira dos Vinte Anos
“Donzela sombria, na brisa não sentes
A dor que um suspiro em meus lábios tremeu?
E a noite, que inspira no seio dos entes
Os sonhos ardentes,
Não diz-te que a voz
Que fala-te a sós
Sou eu?”
Preparado para integrar As Três Liras, projeto de livro conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a Lira dos Vinte Anos é a única obra de Álvares de Azevedo cuja publicação foi preparada pelo poeta. Mesmo assim, vários poemas lhe foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma, como toda obra do autor), à medida que iam sendo descobertos. O livro compõem-se de três partes (a terceira praticamente um continuação da primeira), e apresenta as duas faces de Álvares de Azevedo: o poeta piegas e meigo, o cantor de virgens pálidas (primeira e terceira partes) e o poeta macabro e sarcástico de “Um Cadáver de Poeta”, “Idéias íntimas” e “Namoro a Cavalo”.
O Poema do Frade
“Escutai-me, leitor, a minha estória
É fantasia sim, porém amei-a.
Sonhei-a em sua palidez marmórea,
Como a ninfa que volve-se na areia
Com os lindos seios nus... Não sonho glória;
Escrevi porque tinha a alma cheia
- Numa insônia que o spleen entristecia –
De vibrações convulsas de ironia.”
Narra, pela boca de um frade devasso, os amores e desventuras de um poeta libertino (Jônatas) e sua namorada, a prostituta Consuelo; afora algumas passagens picantes, o poema talvez valha mais pelas considerações que faz sobre poesia e pela sobreposição do poeta, do narrador