Em 1963, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi censurado e afastado da Universidade de Varsóvia por causa de suas ideias, consideradas subversivas no comunismo. Hoje, aos 88 anos, imigrante em Londres, é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Ele ainda dá aulas na London School of Economics, ministra palestras pelo mundo inteiro e publicou quatro dezenas de livros que viraram best-sellers. Seus 32 títulos lançados no Brasil venderam 350 mil exemplares. O mais recente é Vigilância líquida (Zahar, 160 páginas, R$ 36,90). Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20 anos. As instituições políticas perderam representatividade porque sofrem com um “deficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma. Tem mais de dezesseis obras publicadas no Brasil, dentre as quais Amor Líquido, Globalização: as Conseqüências Humanas e Vidas Desperdiçadas. Bauman tornou-se conhecido por suas análises das ligações entre modernidade (controle sobre a natureza, hierarquização burocrática, regras e normatização, categorização, para impor ordem, diminuir entropia social e insegurança) e holocausto (não simplesmente um evento da história do povo judeu, mas característica da modernidade), e pós-modernidade (renúncia à securança característica da modernidade em favor da liberdade, liberdade de comprar e consumir).
Em seu primeiro capítulo, ele faz uma reflexão a respeito de como são construídas as grandes incorporações, indagando sobre a falta de assistência presencial dos investidores, que