Gabriela cravo e canela
Em Gabriela, o cacau não gera mais sangue, mas riqueza, e seu perfume maduro mescla-se ao aroma das flores da estação e do tabuleiro da sensual protagonista, conforme a descrição do autor no início do terceiro capítulo. Trata-se de uma crônica da modernização dos costumes, para cuja guinada ajuda a contribuir Gabriela, ou melhor, seu comportamento libertário e a reação do árabe Nacib, apaixonado por ela. A narrativa segue assim, do geral ao particular e do particular ao geral, residindo nesse movimento, em que se entrelaça o ir-e-vir de dezenas de personagens representativos. De tremendo apelo e grande repercussão, contribuiu para formar, junto com outras ficções do autor, a imagem “exótica” do Brasil no exterior, só mais recentemente nuançada.
Um dos mais queridos escritores brasileiros de todos os tempos, morto em 6 de agosto de 2001, quatro dias antes de completar 89 anos, Jorge Amado de Faria nasceu em 1912, numa fazenda do município de Itabuna, Bahia. Quando tinha dez meses, seu pai, um comerciante sergipano que chegou a ser proprietário de terras no sul da Bahia, foi ferido numa tocaia em sua própria fazenda. No ano seguinte, mudou-se com a família para Ilhéus, fugindo de uma epidemia de varíola.
Alfabetizado pela mãe e depois fazendo o curso secundário com jesuítas em Salvador e no Rio, Jorge Amado sempre teve desenvoltura na escrita. Com apenas 14 anos conseguiu