futebol
Professor do Curso de História das Faculdades Objetivo (Manaus, AM)
Mestrando do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia
Universidade Federal do Amazonas Tarcisio Serpa Normando tsnormando@bol.com.br (Brasil)
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 58 - Marzo de 2003
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I. A polêmica literária
Nos idos dos anos sessenta o jornalista Sérgio Porto açoitava a elite brasileira com suas observações incisivas, boa parte delas embebidas em uma implacável verve humorística. Assumindo o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, cuidou de revelar o festival de besteiras que assola[va] o país, identificado por ele no termo febeapá. Nesse ínterim, escreveu uma das mais provocantes frases para aqueles que se interessam em analisar o futebol. Afiançava Ponte Preta: Quem diz que futebol não tem lógica ou não entende de futebol ou não sabe o que é lógica.
Esta assertiva bem humorada pode servir de pontapé inicial para pensar o futebol enquanto objeto de análises científicas, suscitando reflexões que possam dar a medida da lógica apregoada por Ponte Preta, remetendo a uma questão de fundo: seria realmente o futebol tão imponderável em sua constituição e em sua prática que desafiaria quaisquer modelos explicativos?
Para buscar esta resposta se faz necessário entender como este esporte, que atrai amantes na ordem das centenas de milhões de pessoas e que “só admite dois sentimentos fortes e antagônicos: o amor e o ódio”1, foi percebido na sua dinamicidade e na sua temporalidade própria.
As principais cidades do Brasil que, na passagem do século XIX para o XX, viviam um momento de vitalidade econômica - como, por exemplo, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus -, viram fervilhar entre seus jovens as práticas esportivas mais variadas: o rowing (remo), o tênis, a luta greco-romana, o turfe, a pelota, o boxe, o ciclismo, a