Fundamentos da Sociologia
Não importa a definição que lhe deem: assim como a arte ou os sistemas políticos, a ciência é uma manifestação, um produto da cultura; e como tal, é, ao menos em parte, determinada pela sociedade que a engendra. Nasce no seio de certo tipo de civilização, nela - e com ela - se desenvolve, em relação - algumas vezes mais, outras vezes menos harmoniosa - com as demais esferas das esferas das atividades humanas. A Sociologia, ciência das sociedades, é uma dessas muitas manifestações do espírito humano. Como as demais, carrega consigo as marcas do tempo e do espaço de sua origem. E como elas, trans formou-se – e, em alguma medida, ajudou a transformar -, numa espécie de paralelismo, algumas vezes às avessas, com as condições materiais e espirituais de cada época e lugar. Fruto das transformações ocorridas entre o final da Idade Média e o início da Modernidade, a Sociologia é um dos inúmeros produtos do uma nova forma de pensamento científico que marcou o período. Coincide, portanto, com a desagregação de um tipo de sociedade, a feudal, e com o advento de outra, de feições muito diversas daquela, a capitalista.
E mais: longe de ser uma das precursoras deste novo modelo de produção de conhecimento, surge posteriormente ao nascimento das ciências naturais, e mesmo de outras ciências sociais. A burguesia, grande vitoriosa da Revolução de 1789, apoiou as primeiras como instrumentos de conquista e submissão do mundo, abrindo caminho para o surgimento dessas, em sua busca das leis, tão universais quanto as do mundo físico, do mundo social. Essa circunstância essa vai marcá-la sobremaneira em seu processo de constituição: é das ciências naturais que derivará seu modelo primeiro de análise dos fenômenos sociais. Adesão que já se expressa na delimitação do objeto de estudo do novo campo do saber por um de seus fundadores, Auguste Comte: Entendo por física social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos