Frei Luís de Sousa
PIT
PERSONAGEM
MANUEL DE SOUSA COUTINHO
Manuel de Sousa Coutinho (mais tarde Frei Luís de Sousa) é um nobre e honrado fidalgo, cavaleiro de Malta. É um patriota, corajoso e destemido. Um português fiel aos valores patrióticos e inconformado com o domínio espanhol, que se vivia na altura em Portugal (1599). Queima o seu próprio palácio para não receber os governadores. Embora apresente a razão a dominar os sentimentos, por vezes, estes sobrepõem-se.
Esta personagem, do ponto de vista psicológico, evolui de uma personalidade do tipo clássico (actos I e II) para uma personalidade de tipo romântico (acto III).
No acto I, assume uma atitude condizente com um espírito clássico, deixando transparecer uma serenidade e um equilíbrio próprios de uma razão que domina os sentimentos e que se manifesta num discurso expositivo e numa linguagem cuidada e erudita. No acto III, evidencia uma postura acentuadamente romântica: a dor, após a chegada do Romeiro, parece ofuscar-lhe a razão, tal é a forma como exterioriza os seus sentimentos, fazendo-o de uma forma um tanto violenta, descontrolada e, por vezes, até contraditória (a razão leva-o a desejar a morte da filha e o amor impele-o a contrariar a razão e a suplicar desesperadamente pela sua vida).
Manuel de Sousa Coutinho terá o mesmo destino que sua esposa – morte psicológica – Catástrofe -, não devido à fraqueza de carácter, mas por constatar a ilegitimidade da sua presença naquele casamento, naquela família (“Fui eu o autor de tudo isto, o autor da minha desgraça e da sua desonra deles…”); ele que sempre zelou pela integridade, mesmo sofrendo, não deixou de tomar as decisões que lhe pareceram certas e adequadas a determinada situação (incêndio do seu palácio e decisão de professar). Com a chegada do Romeiro (D. João de Portugal, que é o dono daquela casa, o marido da sua mulher), Manuel de Sousa Coutinho retirou-se da vida (“Para nós já não há senão estas mortalhas (tomando os hábitos de cima