fotografia digital manipulada
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Há alguns anos, não é possível abrir um jornal ou revista sem encontrar uma fotografia que não tenha sido manipulada. Em campanhas publicitárias e certos nichos glamourosos da imprensa de moda, existem hoje dois processos distintos na elaboração das imagens: fotografar e photoshopar (sim, já virou verbo). O primeiro capta as imagens com a melhor luz possível. O segundo pode construir corpos magérrimos e perfeitos, peles de plástico, livres de celulite ou qualquer outra imperfeição natural. O resultado é, em casos extremos, uma ilustração que tem pouquíssimo a ver com o original. Da perseguição dessa beleza inatingível podem provir sérios danos à autoestima, sobretudo em adolescentes, quando não transtornos como a bulimia e a compulsão por cirurgias plásticas. Do outro lado do Canal da Mancha, parlamentares ingleses também propõem restrições ao uso do Photoshop em campanhas publicitárias voltadas para menores de 16 anos. A fundamentação é que fotografias manipuladas podem fazer mal à saúde. A possibilidade de manipulação da fotografia existe desde a invenção da câmara escura. No século XIX, os retratos encomendados passaram a ganhar correções feitas com a ajuda de retocadores, que com pincéis e tinta procuravam melhorar a aparência dos fotografados. O mito de que a fotografia é a representação da realidade foi usado de forma maquiavélica por ditadores, como Stalin, Hitler, Mao Tsé-tung e Mussolini, que tentaram reescrever a história por meio da alteração criminosa de fotografias. Hoje, a manipulação da imagem encontrou possibilidades infinitas com a fotografia digital. Sexagenárias posam para capas de revista com pele e corpo de adolescente – mas sem espinhas, é claro. Até lipoaspirações digitais, como a feita pela revista francesa Paris Match com o presidente Nicolas Sarkozy, são possíveis. A questão proposta pelos legisladores franceses é separar o joio do trigo. "Quando escritores partem de evento real mas o embelezam, eles são obrigados a avisar seus leitores