Formação etnohistórica da região de Manaus/AM - Resumo preliminar

FORMAÇÃO ETNOHISTÓRICA DA REGIÃO DE MANAUS/AM – RESUMO
PRELIMINAR
André Heron Reis
Mestre em Geoarqueologia pela UFPa

1. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO
Este levantamento bibliográfico visa compor um relato sobre os povos que habitavam a porção da Amazônia, historicamente marcada pela formação da cidade de Manaus, às margens do Rio Negro. Numa aproximação com a etnohistória, este texto evidencia as principais questões que envolvem os legados culturais dos povos envolvidos no processo de ocupação do espaço, além de um esboço sobre a sua história.
A trajetória de ocupação das terras e de diáspora dos Muras, Manaós, Barés,
Tarumãs e outros povos dessa confluência entre os rios Amazonas e Negro, está associada à exploração dos produtos da floresta e da mão de obra indígena pelo europeu. Se com o tempo foram se diversificando os motivos para o aprisionamento do índio e para as chamadas “guerras justas”, desde fins do século XVI, não diminuíram os relatos de violência e intolerância, típicas do período colonial.
Esta recorrência é encontrada desde os primeiros relatos dos viajantes ibéricos que singraram os rios, principalmente nos textos dos cronistas exploradores, desde Gaspar de
Carvajal (1542), Diogo Nunes (1553), Pero de Magalhães Gandavo (1576) aos padres jesuítas e de outras ordens religiosas, como em documentos diversos deixados por donatários e administradores espanhóis e portugueses, desde Francisco de Orellana (1541) ao primeiro ouvidor da Capitania do Rio Negro, Lourenzo Pereira da Costa (1762), ou mesmo no Plano para a civilização dos índios no Pará, elaborado pelo enviado pombalino Francisco de Souza
Coutinho (1797).
Com o advento da Nova História e das revisões na composição do método historiográfico, em torno da análise de novos objetos, propondo novas perspectivas, com o uso de novas fontes de análise, e, sobretudo, vislumbrando novos problemas para o entendimento do passado, foi imprescindível romper com a visão eurocêntrica,