Fome
Na Somália, problema atinge quase metade da população
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Seca, guerras civis, restrições à ajuda humanitária e caos político resultaram numa crise de fome que afeta 12,5 milhões de pessoas que vivem na região conhecida como Chifre da África, que inclui Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda. A epidemia de fome já é considerada a pior deste século.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
A situação é mais grave na Somália, onde 29 mil crianças morreram nos últimos três meses – uma média de 300 por dia – e 640 mil estão subnutridas, podendo morrer nos próximos meses. Cerca de 3,2 milhões de somalianos (quase metade da população) dependem de doações de alimentos para sobreviver.
A ONU (Organização das Nações Unidas) decretou crise de fome no país em 20 de julho. O estado de emergência é declarado quando a fome atinge 20% das famílias e o índice de subnutrição ultrapassa 30% da população infantil. Na região de Bay, uma das seis em estado crítico na Somália, a taxa de desnutrição entre crianças é de 58%, a mais alta no país.
Desde os anos 1980, foi a primeira vez que a ONU declarou crise de fome no continente africano. Todos os dias, centenas de pessoas partem de suas cidades em direção a acampamentos improvisados na capital, Mogadíscio, e nos arredores. As barracas já abrigam 400 mil somalianos.
Campos de refugiados mantidos pela ONU como o de Dadaab, na fronteira com o Quênia, tornaram-se refúgio para os exilados. O campo foi criado em 1991 para receber refugiados da guerra civil da Somália e hoje é o maior do mundo, com 440 mil pessoas. Desde o começo do ano, recebeu mais 170 mil refugiados por conta da fome, e o número aumenta a cada dia.
A estiagem no Chifre da África é a mais severa dos últimos 60 anos. A seca prejudicou a produção de alimentos, reduzida a um quarto do necessário para alimentar a população. Estudos apontam que o aquecimento global teria agravado