Florebella Espanca, análise do poema Ser Poeta
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Ser Poeta Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente! (Florbela Espanca. Charneca em Flor. In Poesia Completa (1931).
Ser Poeta
As três primeiras estrofes definem o poeta num sentido geral, qualquer poeta:
Inicia-se com uma hipérbole: "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior/Do que os homens!" - é ser maior do que os outros mortais.
Continua com uma antítese: "Morder como quem beija!/É ser mendigo e dar como quem seja/Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor!" - não ter nada e dar tudo, não ser dono de nada e tudo possuir.
Termina com metáforas hiperbólicas: "É ter de mil desejos o esplendor/É não saber sequer que se deseja!/É ter cá por dentro um astro que flameja,/É ter garras e asas de condor!/É ter fome, é ter sede de Infinito!/Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…/É condensar o mundo num só grito!" - ser iluminado, ser uma ave que voa mais alto que as outras, desejar o infinito, o máximo, o inatingível, ser protegido pelas manhãs belas e puras.
A última estrofe define já a própria poetisa, num sentido particular: para ela, ser poeta, é amar assim como ela ama, é fundir-se com o ser amado. "E é amar-te, assim, perdidamente…/É seres alma, e sangue, e vida em mim/E dizê-lo cantando a toda a gente!"