Filosofia no ensino médio

Filosofia no ensino médio, uma experiência
Mariângela Guimarães professora do SEE-RJ

Para que ensinar filosofia? Filosofia é algo que se ensina? A rigor, a proposta da disciplina consiste em que? Ensinar filosofia ou ensinar a filosofar? Em última instância, a pergunta que não quer calar, no final das contas isso serve para que? Essas e outras perguntas disputam nossa atenção, sobretudo, quando o que está em questão é a presença da filosofia no ensino médio. As expectativas que envolvem a filosofia, seja como uma disciplina cultural que retém o essencial das origens do pensamento no ocidente, seja como uma forma de pensamento que pode dar sentido às coisas, proporcionando a ampliação de nossa visão de mundo, acabam gerando uma demanda muito ampla, mas nem sempre tanto específica. Parece que ela tentaria suprir aquilo que estaria faltando essencialmente na formação do homem. Em outras palavras, isso significaria dizer que a filosofia teria como um dos seus objetivos suprir um resíduo gerado pelas mutações culturais, pelas mudanças tecnológicas, ou seja, pelas coisas que atingem a vida e o comportamento das pessoas como um todo e que, de certo modo, os recursos próprios das tecnologias, dos saberes em geral e da ciência, não dariam conta de responder. Cada vez mais, o que se percebe é que há um sentimento comum de que o que acaba por nos faltar é o sentido das coisas, é uma significação que poderia sustentar as experiências vividas pelas pessoas e, principalmente, suprir a perda de um exercício fundamental: o pensar reflexivo.
Ao pensarmos propriamente na presença da filosofia no ensino médio, fase em que os alunos se deparam com tantas mudanças sob os mais diversos aspectos de suas vidas pessoais e educacionais, vemos que o recurso à filosofia aparece como aquilo que poderia, frente à dispersão contemporânea, frente à multiplicidade e a fugacidade das experiências, acenar com uma possibilidade de reencontrar uma explicação totalizante, sobretudo, para os