FILOSOFIA ENTRELINHAS, CAPITULO 28,29
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O que é, então, a liberdade humana enquanto o homem é uma parte constituída pelo todo e que age no interior do todo? São duas as respostas a essa questão:
(dada pelos estóicos e por Hegel e dada por Espinosa)
RESPOSTAS
Para os estóicos, o homem livre é aquele cuja razão conhece a necessidade natural e a necessidade de sua própria natureza e tem força para guiar e dirigir a vontade para que esta exerça um poder absoluto sobre a irracionalidade dos instintos e impulsos, isto é, sobre as paixões. Ser livre é agir conforme à natureza — seguindo suas leis necessárias — e conforme à natureza do agente — seguindo uma vontade pessoal poderosa dirigida pela razão.
Para Espinosa, o homem livre é aquele que age como causa interna, completa e total de sua ação. Esta não provém de uma escolha voluntária e sim do desenvolvimento espontâneo da essência ou natureza racional do agente. Em outras palavras, assim como o todo age livremente pela necessidade de sua essência, assim também o indivíduo livre age por necessidade de sua própria essência.
Somos livres quando o que somos o que sentimos, o que fazemos e o que pensamos exprime nossa força interna para existir e agir.
Dessa maneira, Espinosa não aceita a idéia estóica da liberdade como poderio ou império da vontade sobre as paixões. Diz ele, não somos livres porque nossa vontade domina nossas paixões, mas é porque somos livres que nossa razão é um afeto alegre mais forte do que os afetos nascidos das paixões.
Para Hegel, o homem livre é uma figura que aparece na história e na cultura sob duas formas principais. Na primeira, a liberdade humana coincide com o surgimento da cultura, ou seja, é livre o homem que não se deixa dominar pela força da natureza e que a vence, dobrando-a à sua vontade por meio do trabalho, da linguagem e das artes.
Sob essa primeira forma, podemos notar que a liberdade, embora possa exprimir-se nos