Filhos Do Para So Anlise
Josiane Bueno
Direção: Majid Majidi
Filhos do Paraíso (1998) é um filme iraniano, dirigido por Majid Majidi, que nos conta a estória de duas crianças, Ali e Zahra: sua rotina, suas angústias, problemas e sonhos.
Segundo o diretor, a idéia de fazer este filme partiu de uma história real, contada a ele por um amigo, que descreveu a situação de dois irmãos que dividiam um mesmo par de tênis para ir à escola. Desta situação, o autor opta por abordar uma série de questões relevantes, e consegue evitar problemas com a ditadura da época.
Muitas questões são tratadas no filme. Dentre estas, as referências críticas à estrutura socio-econômica do Irã da época, dez anos atrás.
Observamos através do olhar dos irmãos, grandes diferenças de classes sociais e a coexistência de dois universos muito diferentes. O mundo mais próximo das crianças é um mundo de periferia, com ruas estreitas, pessoas caminhando à pé ou de bicicleta, grandes dificuldades econômicas e uma espécie de mercado ambulante onde objetos usados são trocados por outros (uma espécie de escambo). Como ocorre com o senhor que pega o sapato e a mãe da outra menina que o compra. Longe dali existe outro universo, com prédios enormes, grandes avenidas e casas luxuosas. A partir daí enxergamos a existência de mundos distintos que convivem em um mesmo país, uma mesma cidade e de certa maneira nos abre a possibilidade para fazer um paralelo com os dois mundos apresentados no universo social mais restrito, que é o familiar, onde as questões das crianças ficam à periferia, aparentemente ignoradas pelos adultos.
São também levantadas questões humanísticas. Questões relativas à ética, honestidade, solidariedade e companheirismo. Encontramos nessa família e nos personagens coadjuvantes, importantes reflexões neste sentido.
Vou retomar rapidamente a estória do filme e irei comentando aspectos que me pareceram interessantes do ponto de vista psicanalítico.
Toda a trama envolve uma situação-problema inicial,