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A IMAGEM DA CAVERNA NA REPÚBLICA DE PLATÃO

Jaa Torrano (DLCV-FFLCH-USP)

O livro VII da República começa com a imagem da caverna, que retoma as imagens anteriores do sol e da linha, retoma os elementos que entraram na construção da imagem do sol e da linha, e desenvolve e explicita esses elementos.
O livro VI começa com a questão quem são os filósofos e quem não são. Analisam-se as qualidades características dos filósofos: os filósofos são os que amam o saber, amam a ciência em sua totalidade, e nisso se distinguem dos muitos, que permanecem nas aparências, ficam no horizonte da opinião, não ultrapassam o horizonte da aparência, do sensível, da opinião, enquanto os que são filósofos se distinguem por esse amor do conhecimento e da ciência em sua totalidade. Enumeram-se as virtudes que caracterizam os filósofos, conseqüentes desse amor do conhecimento, e afirma-se que nas cidades esses que são dotados de natureza filosófica são os que encontram as condições mais adversas para o desenvolvimento de suas virtudes e de sua natureza filosófica, e por isso nas cidades os filósofos parecem inúteis, quando não perversos. É necessário, então, mostrar que os filósofos são os mais aptos para governar a cidade, e assim enfrentar no sexto livro a terceira onda, a mais temível das três ondas – de resistência e até mesmo de repulsa, suscitadas pelas três doutrinas que proclamam as condições necessárias para a realização da cidade justa e que encontram a maior resistência, e por isso são chamadas ondas. A primeira é das mulheres guardiãs, que compartilham com os homens as tarefas da defesa da cidade; a segunda é a da comunidade das mulheres e das crianças; e a terceira é a doutrina que diz que a cidade deve ser governada pelo filósofo, o filósofo é que deve estar no governo da cidade para garantir as condições necessárias à realização da justiça na cidade. Por que o filósofo deve ser o guardião e o governante da cidade? Por que ele contemplou a idéia do bem. O filósofo se