Fichamento
A partir daí, a Ciência se reconhecerá como um conhecimento distinto e superior a todos os outros saberes porque privilegia o que entende por razão, objetividade, verdade e interpretações universais.(p. 44)
Edgar Morin discute a natureza por vezes perversa da consagração dos saberes instituídos, responsáveis pela desigualdade social. Em uma nota no livro O Método 4, expõe os paradoxos do poder do conhecimento.(p.45)
Estabelece-se por toda a parte um corte hierárquico entre cultos e incultos, competentes e incompetentes, sábios e ignorantes(...) Os ditos analfabetos das sociedades arcaicas de caçadores-coletores dispunham de um extraordinário “capital cultural” comportando o conhecimento de animais, plantas peixes, remédios, bem como de competências técnicas para fabricar os seus instrumentos; dispondo de nossa técnica, foi possível massacrar esses seres humanos superiores e suas civilizações milenares(...)(p.45)
Essa história que se solidifica sob a égide das ciências modernas, não é unitária. Lembra Morim que é justamente no meio das Luzes que Jean-Jacques Rousseau descobre a fraqueza da razão e dá primazia à virtude da sensibilidade(...) O intelectual populista e, mais tarde, o revolucionário vão ao encontro do povo. Um para, como “bom tutor”, anunciar as grandes verdades; o outro para ouvir dele as verdades profundas e falar em seu nome. O intelectual populista ou revolucionário torna-se um ventríloquo, um servidor do povo. Para isso é necessário que o povo se cale para que ele intelectual da Ciência) possa melhor expressá-lo.(p.46)
É a obsessão pela tradução legítima que se