Fichamento: a origem agrária do capitalismo - ellen meiksins wood
(CAP. 4 – A Origem do Capitalismo/Ellen Meiksins Wood)
Esse artigo, intitulado “A origem agrária do capitalismo”, tem como seu ponto de partida é a crítica da vertente historiográfica que considera o capitalismo uma evolução natural da atividade humana, e seu desenvolvimento inevitável, sempre que a sua marcha não encontre obstáculos externos. Ellen Wood determinada a pôr em destaque a originalidade da nova forma de produção que se tornaria dominante na Inglaterra no final do século XVIII convida-nos a voltar nossa atenção para a agricultura, ao invés de seguir a senda batida da identificação entre capitalismo e crescimento das cidades.
A emergência do capitalismo certamente pressupôs o feudalismo ocidental, mas uma coisa é dizer que o feudalismo foi a condição necessária do surgimento do capitalismo, e outra bem diversa é dizer que ele foi o suficiente. O feudalismo na Europa era internamente variado e produziu diversas resultados diferentes, apenas um dos quais foi o capitalismo. A tendência a presumir que o capitalismo foi um produto inevitável do feudalismo europeu, ainda que antagônico a ele enraíza-se, na convicção de que as cidades autônomas que cresceram nos interstícios das “soberanias fracionadas” do feudalismo foram não apenas o inimigo natural que viria a destruir o sistema feudal, mas a semente dentro dele que daria vida ao capitalismo.
Uma das convenções mais arraigadas da cultura ocidental é aquela que associa capitalismo a cidades. O capitalismo supostamente nasceu e cresceu nas cidades. Mais que isso, a implicação é de que qualquer cidade – com seus aspectos característicos de comércio e troca – são, por sua própria natureza, potencialmente capitalista, e somente obstáculos exógenos impediriam qualquer civilização urbana de dar surgimento ao capitalismo. A religião errada, a forma errada de Estado, ou qualquer tipo de constrangimento ideológico, político ou cultural, atando as mãos das classes