Fichamento Platao - Noberto Bobbio
“O diálogo de A República é, como todos sabem, uma descrição da república ideal, que tem por objetivo a realização da justiça entendida como atribuição a cada um da obrigação que lhe cabe, de acordo com as próprias aptidões” (45-2). As obrigações cabem a três categorias de homens distintas, que se ordenam harmonicamente, sendo elas os governantes-filósofos, os guerreiros e aqueles que se dedicam a trabalhos de produção. A ausência de corrupção nessa sociedade lhe concede o adjetivo de utópica, pois todos os Estados que realmente existem são corrompidos, ainda que de maneiras distintas.
“Segue-se que a tipologia das formas de governo de A República, em contraste com o que consideramos até agora, originada no primeiro debate sobre o tema, inclui só formas más, embora nem todas igualmente más, nenhuma dessas formas é boa” (45-3). Para Platão só se sucedem formas más, e a forma boa posiciona-se em um dos extremos sem ocorrer efetivamente. Por assim ser, podemos classificar o pensamento Platônico como pessimista, que atribui ao futuro o status de um resultado do regresso do mal para o pior.
Platão examina quatro formas de constituições corrompidas, a timocracia, oligarquia, democracia e tirania, enquadrando a monarquia e a aristocracia (as duas formas faltantes) como uma única forma de governo, pois para ele, desde que os governantes sejam treinados, pouco importa se o governo é exercido por um (monarquia) ou por alguns (aristocracia).
“Para caracterizar essas diferentes formas, Platão identifica as peculiaridades morais (isto é, os vícios e as virtudes) das respectivas classes dirigentes. Vale lembrar que a primeira distinção entre as formas de governo nasce da resposta ã seguinte pergunta: “Quem governa?”. Em virtude desse critério de distinção, a resposta de Platão é que na aristocracia governa o homem aristocrático, na timocracia o timocrático, na oligarquia o oligárquico, etc”