Fichamento - paz e guerra entre as nações - Raymond Aron
Introdução
Terminada a Segunda Grande Guerra deste século, os Estados Unidos, cujo sonho histórico tinha sido manter-se à margem dos negócios do Velho Continente, tornaram-se responsáveis pela paz, prosperidade e até pela própria existência de metade do mundo. Havia soldados norteamericanos estacionados em Tóquio e Seul, a Oeste, e em Berlim, no Leste. O Ocidente não tinha visto nada parecido desde o Império Romano. Os Estados Unidos eram a primeira potência autenticamente mundial, pois a unificação mundial da cena diplomática não tinha precedentes.
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Nenhuma grande obra - comparável às que mencionamos - nasceu da conjuntura criada pela vitória comum dos Estados Unidos e da União Soviética. Contudo, as relações internacionais tornaram-se o objeto de estudo de uma disciplina universitária. As cátedras dedicadas à nova disciplina se multiplicaram. O número de livros e de manuais cresceu proporcionalmente.
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Já antes da ascensão dos Estados Unidos ao primeiro plano da cena mundial, os historiadores se puseram a estudar as "relações internacionais". Mas se limitaram à descrição ou à narrativa, sem chegar à análise e à explicação. Ora, nenhuma ciência se pode limitar à descrição e à narrativa. Além disto, que benefício poderiam tirar os estadistas atuais, ou os diplomatas, do conhecimento histórico dos séculos passados?
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A diferença entre uma interpretação empírica e uma interpretação teórica das relações internacionais é comparável à que existe entre uma fotografia e um retrato pintado: "A fotografia mostra tudo o que pode ser visto pelo olho nu; o retrato não mostra tudo o que pode ser visto pelo olho nu, mas mostra algo que o olho não vê: a essência humana da pessoa que serve como modelo".
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A este diálogo entre o defensor do "esquematismo racional" e o da "análise sociológica" - diálogo cuja natureza e