Fichamento do texto A literatura brasileira na era da multiplicidade, de Beatriz Resende
Para introduzir o assunto, a autora faz um alerta: “teremos que deixar jargões tradicionais no trato literário e conhecer termos que vão da antropologia ao vocabulário do misterioso universo da informática, tudo isso atravessado pelas necessárias reflexões políticas. (...) É importante, porém, não confundir política com ideologia.” Em relação à produção literária recente, ao traçar um mapa das principais dominantes que identifica em seu trabalho, a primeira evidência salientada pela autora “é a fertilidade (I) dessa forma de expressão entre nós, hoje. Apesar das queixas repetidas de que há poucos leitores, de que o livro vende pouco etc., é fácil constatar que se publica muito, que novos escritores e editoras surgem todos os dias, e que comenta-se e consome-se literatura. (...) Surgiram nos últimos anos novos prêmios literários com valores bem maiores que no passado. A repetição da Festa Literária de Paraty vem conseguindo aresentar escritores brasileiros ao lado dos nomes mais importantes do cenário internacional.”
Isso tudo evidencia “uma nova habilidade dos escritores contemporâneos – para o bem e para o mal – de serem também uma nova espécie de performer, revelando a persona do autor. (...) Os jovens escritores não esperam mais a consagração pela “academia” ou pelo mercado. Publicam como possível, inclusive usando as oportunidades oferecidas pela internet. (...) A maior novidade, porém, está seguramente na constatação de que novas vozes surgem a partir de espaços que até recentemente estavam afastados do universo literário. Usando seu próprio discurso, vem hoje, da periferia das grandes cidades, forte expressão artística que, tendo iniciado seu percurso pela música, chega agora à literatura.”
Segundo Beatriz, a segunda notável constatação que podemos fazer sobre a recente produção literária