FICHAMENTO ANDRE
Vigiar e Punir
Autor: Michel Foucault
Editora: Vozes
Tradutor: Raquel Ramalhete
Titulo e Subtítulo: Vigiar e Punir: Historia da Violência nas Prisões
Titulo e Subtítulo do Capitulo: Os Corpos Doceis
Edição: 29ª Edição (1ª Edição 1975)
Local da Publicação: Petrópolis/RJ
Data Publicação: 2004
Paginas: P. 262
Intervalo de Paginas do Capitulo: P. 117 – 142
Volume: Único
Terceira Parte – Disciplina
Cap. I – Os Corpos Dóceis
Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia; (P.117)
Segunda metade do século XVIII: o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; (P.117)
Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas entretanto são novas nessas técnicas. A escala, em primeiro lugar, do controle: não se trata de cuidar do corpo, em massa, grosso modo, como se fosse uma unidade indissociável mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao nível mesmo da mecânica — movimentos, gestos atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. (P.118)
A modalidade enfim: implica numa coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar