Fenomenologia

O presente texto diz respeito ao primeiro e segundo capítulos da obra de Sokolowski (2004). Neles o autor busca mostrar qual a contribuição da fenomenologia na quebra da crença cultural de inspiração cartesiana, hobbesiana e lockiana de que a mente é algo encerrado em si, e desligado do que é externo (corpo, ou mundo). Ou seja, cabe aqui e agora á fenomenologia mostrar como a mente e o corpo não configuram dimensões isoladas, e sim correlatas entre si. Para isso o autor começa pela explicação da intencionalidade, que é “a doutrina fundamental da fenomenologia” (SOKOLOWSKI, 2004 p.17), e que toda a consciência, é uma “consciência de” algo ligado ao mundo. Desse modo todas as nossas experiências são correlatas ao externo, sendo a relação da consciência com o objeto a própria intencionalidade. Consiste então no modo como os objetos se dão e como com eles a consciência interage. Todavia, adverte o autor, é tão comum quanto errônea a confusão entre o sentido quanto á aplicação dessa palavra na “teoria da ação humana” e na teoria do conhecimento. Na primeira, a intenção é tomada como um objetivo que se tem em mente ao realizar a ação. Ao passo que no segundo caso (fenomenológico) busca-se uma ideia de intencionalidade mental ou cognitiva, aqui ela consiste na “relação de consciência que nós temos com o objeto” (SOKOLOWSKLI, 2004 p.18). Assim sendo, a doutrina da intencionalidade institui que cada ato consciente está de certo modo relacionado com um objeto. E justamento por isso, a consciência é sempre “consciência de”. Contudo não seria desnecessário estabelecer e reforçar com tamanho afinco tais trivialidades? Uma vez que a consciência só pode ser, e de fato sempre será, consciência “de”. Porque tinha a fenomenologia que assumir tal responsabilidade? Segundo o autor faz-se necessária essa afirmação uma vez que tanto a filosofia das ultimas centenas de anos quanto a tradição cultural, sob influencia