FARJ - Federação Anarquista do Rio de janeiro - Domingos Passos
Renato Ramos & Alexandre Samis
Federação Anarquista do Rio de Janeiro - FARJ
2009
Projeto de capa: Luiz Carioca
Diagramação: Farrer
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Domingos Passos: O “Bakunin Brasileiro” . . . . . . . . . . . . . . . . .
Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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“Eram 5 horas quando me levantei. O Passos, acordado não sei desde que horas, estava sentado na cama, lendo o “Determinismo e Responsabilidade”, de Hamon. Tomei a toalha e desci, para banhar o rosto. Quando voltava do pateo, enxugando-me, vi dois individuos, que logo tomei pelo que realmente eram, de revolver em punho, dirigirem-se para mim, perguntando asperamente.
- Onde está o Domingos Passos?
Prevendo uma dessas violencias de que o nosso querido companheiro tem sido tantas vezes victima, senti forte desejo de escondel-o e neguei sua presença, dizendo:
- Domingos Passos não mora aqui!”
Esse pequeno trecho do depoimento do operário Orlando Simoneck ao jornal
A Pátria1 , tomado em 16 de março de 1923, expressa claramente alguns aspectos da situação então vivida por aquele rapaz mestiço, neto de avós índios2 , carpinteiro de profissão, anarquista e ativo sindicalista do ramo da construção civil: o
“camarada Passos” era, já naquele ano, o alvo preferido da Polícia carioca e, se não o mais, um dos mais queridos e respeitados militantes operários do então
Districto Federal. Outra característica notável de Domingos Passos, destacada no depoimento de Simoneck, era seu incansável autodidatismo, sua sede pela instrução e pela cultura, que o fazia varar as madrugadas devorando os livros da pequena biblioteca de Florentino de