Faculdade De Imperatriz
Acadêmica: Daniela Ávila Lima Oliveira
Congresso de Milão
Se as abordagens gestualistas defendiam a primazia das linguagens (e línguas) de sinais na instrução do sujeito surdo, assumindo-as como língua primeira nos afazeres escolares e em outras situações de interação entre esses indivíduos, as práticas oralistas opunham-se ao gesto, afirmando-o como um sistema precário de comunicação, como um esforço que em muito atrapalhava o aprendizado da fala. Esses dissensos e distensões no campo político/pedagógico da surdez desdobraram-se em novas proposições que alteraram radicalmente o dia-a-dia e o destino de muitos indivíduos surdos. Tais mudanças cristalizaram-se e oficializaram-se, sobretudo, por meio do Congresso de Milão, em 1880.
Sete dias de discussões, apresentações e votações, entre 6 e 11 de setembro de 1880, em Milão, Itália, coroaram os pressupostos oralistas. As resoluções foram quase unânimes, contando com poucas, e isoladas, oposições: às escolas de surdos cabia o ensino da fala como meio de inserção do surdo em um mundo ouvinte. Os gestos? Que fossem banidos. As práticas bimodais que utilizavam sinais em simultaneidade com a fala também foram rejeitadas. O oralismo puro, como acordado por grande parte dos mais de 170 membros do Congresso (em sua quase totalidade ouvintes), foi apontado como a melhor abordagem para a educação de surdos.
As oito resoluções ali decididas por educadores de diferentes países acenavam para a incontestável superioridade da língua oral como meio privilegiado de acesso ao conhecimento. E o oralismo puro, sem a interferência de qualquer sistema gestual, foi ratificado oficialmente, naquele momento, como a abordagem preferível em escolas e instituições para surdos.
Tais resoluções pautaram-se em uma série de premissas que permeavam as concepções da época sobre a surdez.
As práticas de normalização do corpo “anormal” por meio de investidas biomédicas, terapêuticas e pedagógicas, bem como a