Express O Oral De Portugu S O Papel Da Mulher
Eça acreditou que a arte que produzia poderia contribuir para arrancar o país do atraso em que se encontrava e contribuir para a reforma das mentalidades e dos costumes. Os seus propósitos não foram concretizados. No entanto, as fortes críticas que teceu levaram a que muitos leitores refletissem sobre o conformismo excessivo e a passividade em que o país se encontrava.
O feminismo é ainda em Portugal uma palavra de que os homens se riem ou se indignam, consoante o temperamento, e de que a maioria das próprias mulheres cora. O homem português não está habituado a deparar no caminho da vida com as mulheres como suas iguais pela ilustração, como suas companheiras de trabalho, como suas colegas de vida pública; por isso as desconhece, as despreza por vezes, as teme quase sempre… A mulher, em geral, é, quando esposa, a companheira só para a vida banal e mesquinha e que nem por sombras deve abordar os pensamentos graves que preocupam o marido!
Na obra “Os Maias” a educação e o comportamento da mulher são temas bastante criticados.
Na sociedade daquela época as mulheres não tinham poder de opinião, não era bem visto uma mulher falar dos assuntos intelectuais de que os homens falavam ou até mesmo discutir com estes sobre qualquer assunto da atualidade; a mulher era apenas educada para “ser prendada”, Ega diz mesmo: “a mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem!”. Uma visão muito machista.
A imagem que Eça de Queiroz dá das mulheres é que são adúlteras, e disso temos bastantes exemplos, como Maria Monforte, que abandonou Pedro da Maia e fugiu com Tancredo, Maria Eduarda que veio com Castro Gomes para Portugal mas não é casada com ele, Raquel Cohen e a condessa de Gouvarinho que têm um caso com Ega e Carlos, respetivamente, e bastante religiosas, como as Irmãs Silveirinha e Maria Eduarda Runa que deram uma educação muito religiosa e portuguesa a Eusebiozinho e a Pedro, contribuindo para que estes fossem sempre uns fracos.