Evolução da ciência política
O desenvolvimento da ciência política está intimamente ligado à história das ideias e das doutrinas políticas. Maurice Duverger (1917-), jurista e politólogo francês, autor de várias obras políticas, entre as quais Ciência Política –Teoria e Método (1976), dividiu a evolução histórica da ciência política em dois grandes períodos: a pré-história da ciência política, que se estende das origens da humanidade ao fim do século XIX, subdividida em pré-história propriamente dita e o período intermédio, que é todo o século XIX; e o desenvolvimento da ciência política no século XX.
1. A pré-história da ciência política
Segundo Duverger, até no final século XIX, os fenómenos e problemas políticos eram estudados sob o ângulo ético, moral e filosófico, ou seja, procurava-se apreender a melhor forma de governar a sociedade, cingindo-se apenas no estudo axiológico da política. Não se estudava o poder de forma objectivo e o método de análise era essencialmente dedutivo, partindo de princípios a priori e não da observação de factos e da indução. Mais tarde, certos pensadores da política, tais como Aristóteles, Maquiavel, Bodin e Montesquieu, começaram a separar a axiologia política da realidade política, adoptando o método indutivo.
a) Platão (429-347 a.C.) e o método dedutivo, por excelência.— Este grande autor das primeiras ideias comunistas é o expoente máximo da abordagem ético-filosófica dos fenómenos políticos. Platão é um moralista à procura do bom governo, teorizou um Estado ideal, que é a descrição dos Estados reais, objecto da sua grande obra A República. A acepção platónica da política é dominada pelo conceito de valor, pelo que Platão não é objectivo e, portanto, não é científico.
b) Aristóteles (384-322 a.C.) e o método de observação. — A grande parte dos cientistas políticos considera Aristóteles como fundador da ciência política, pois foi o primeiro a distanciar-se do método dedutivo no estudo dos fenómenos políticos,