Estupro - Um Grito Silencioso
Recentemente, a divulgação polêmica de pesquisa efetuada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em março deste ano, denominada Tolerância Social à Violência contra as Mulheres, trouxe à tona a discussão sobre o comportamento machista e violento nas grandes cidades brasileiras. A pesquisa revelava elevado índice de pessoas (homens e/ou mulheres) que acham que as mulheres que mostram o corpo “merecem ser atacadas”. Ainda que posteriormente os índices tenham sido retificados, sob a justificativa do Ipea de que houve erro na leitura dos gráficos apresentados, caindo de assustadores 65% para 26% dos entrevistados que atribuem a culpa dos estupros à própria vítima, a discussão foi parar nas redes sociais, despertando calorosos manifestos a favor e contrários a essa afirmativa.
De acordo com dados estatísticos, no mundo inteiro, a cada hora, 16 mulheres se confrontam com estupradores; 1 é estuprada a cada 6 minutos; 3 em cada 4 mulheres serão vítimas de pelo menos um crime de violência durante a sua vida. No Brasil, estima-se que mais de meio milhão de pessoas são estupradas anualmente, sendo que 91% são do sexo feminino.
Apesar dos altos índices apontados, as pesquisas ainda revelam que um número incomensurável de estupros ou atentados violentos ao pudor oculta-se no silêncio das vítimas envergonhadas ou amedrontadas o bastante para não se exporem ao clamor público. Não ajuda o fato de nosso aparato policial ser despreparado para atender de forma humanizada esse tipo de vítima, e já houve relatos de mulheres estupradas que passaram horas nas Delegacias Policiais, aguardando o encaminhamento ao exame de corpo de delito, sem poderem sequer tomar um banho para se livrarem dos vestígios da dor por que acabaram de passar.
As causas desse tipo de violência contra a mulher são inúmeras, segundo o NSW Rape Crisis, organização não governamental de ajuda a vítimas de estupros, localizada na cidade do Cabo, na África do Sul, e se