Estudos Socioculturais
R1) A escravidão contemporânea é diferente daquela que existia até o final do século 19, quando o Estado garantia que comprar, vender e usar gente era uma atividade legal. Mas é tão perversa quanto, por roubar do ser humano sua liberdade e dignidade. E ela não se resume à terra de ninguém que é a região de expansão agrícola amazônica, mas está presente nas carvoarias do cerrado, nos laranjais e canaviais do interior paulista, em fazendas de frutas e algodão do Nordeste, nas pequenas tecelagens do Brás e Bom Retiro, da cidade de São Paulo.
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, tais como a China, o trabalho escravo na atualidade é reflexo de diversas carências sofridas pela população, como a dificuldade de acesso à educação, a falta de emprego e a vulnerabilidade associada a crianças e mulheres de países pobres. A escravidão atual vincula-se a pobreza, a desigualdade e a discriminação.
Para Marx, a superação desse tipo de alienação, visto ela ser sofrida coletivamente, só pode se dar coletivamente: o trabalhador só tem consciência da própria alienação, e só pode agir contra ela, enquanto classe (Marx, 1997). O conceito de classe, aí, demanda uma relação de trabalho em que uma classe depende e explora a outra. No trabalho escravo, mesmo aquela parte do dia de trabalho na qual o escravo está apenas recuperando o valor de seus próprios meios de existência, no qual, além disso, de fato, ele trabalha para si mesmo, aparece como trabalho para seu mestre. Todo o trabalho do escravo aparece como trabalho não pago.
Referências:
“Críticas Marxista, Nº15”, e