Estudos disciplinares
Depois de comprar tevê de LCD, carro, celular e a casa própria, o grupo de mais de 100 milhões de pessoas que compõem a classe C brasileira tem um novo sonho de consumo: Saúde para sua família. É o que diz um levantamento recente sobre os anseios da nova classe emergente, de acordo com Arlindo Almeida, presidente nacional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRANGE). “Os planos de saúde ocupam o segundo lugar entre os benefícios mais importantes”, afirma Almeida. “Só ficaram para trás da casa própria.”
Esse é mais um dado que vem confirmar que a saúde no Brasil continua irremediavelmente doente. Administradores negligentes em parceria com governantes corruptos resultam na necessidade dos cidadãos em recorrer a hospitais privados ou planos de saúde não menos mercenários pelo seu gordo quinhão, durante o ano todo, pago por meses a fio, por quem pode e consegue esse privilégio. E não pára por aí, as propagandas em grande parte enganosas do governo não bastam para desmascarar a realidade dos hospitais e centros de saúde, e o cidadão brasileiro com ou sem plano de saúde se vê e vê sua família muitas vezes a mercê de médicos gananciosos e funcionários mal preparados, isso sem dizer das precárias instalações nos hospitais, postos e centros de saúde públicos, com ou sem convênios. E a pergunta mais uma vez surge quase que automaticamente: Como cuidar da saúde, num país onde a maioria da população não tem acesso aos cuidados básicos? No Nordeste, ainda existe altas taxas de mortalidade infantil, sobretudo por causa do baixo nível nutricional de boa parte das crianças e dos recém-nascidos. A volta de doenças antes erradicadas, como a cólera, e o surgimento de novas, como a AIDS, marcam novas características de nosso perfil de doenças, exigindo novas formas de ação preventiva do governo. O fato é que as políticas públicas na saúde não conseguem cumprir seu papel e a maior parte da população que só tem acesso à rede