Estudo sobre a obra A carteira do meu tio de Joaquim Manuel de Macedo
O protagonista da história é um jovem cujo tio financia sua viagem a fim de conhecer melhor o seu “grande livro” – a sua terra! Com uma recomendação apenas: “não escrevas parvoíces na Carteira de teu tio, isto é, não pregues mentiras”.Então começa uma viagem no mundo político do Brasil do Segundo Império. (Será?) E nessas andanças o jovem recebe de seu compadre Paciência (companheiro de viagem) uma verdadeira aula de política e cidadania, explicando ao moço que um partido político é composto por “três entidades bem diversas: a multidão, que é cauda do partido; os correligionários pensadores, que formam o corpo; e os chefes, que são a cabeça.” Continua: “O tal bicho, como é natural, é ordinariamente governado pela cabeça; digo ordinariamente, porque quando ele se desespera e disparata, tem um mau costume de andar às avessas, e então a cauda arrasta a cabeça”. Já que a cauda é metáfora do povo, “a cauda de qualquer dos nossos dois partidos não sabe, nem procura saber o que quer; segue o movimento que lhe imprime a cabeça, e vai indo...” Ora, se a cauda dos dois partidos do Segundo Império não sabia, nem procurava saber o que quer, imaginem hoje com tantos partidos! Já os chefes dos partidos, segundo explicações do compadre Paciência, “para eles a política não passa de uma guerra de ambições ignóbeis, que se define perfeitamente com estas palavras já muito repetidas: ‘Desces tu, que eu quero subir’.”Ah! Como eu gostaria que nossos jovens tivessem a aula sobre política que o jovem protagonista de “A carteira de meu tio” teve...
Ainda sobre esses “papagaios políticos” ele explica ao jovem que quer iniciar na carreira política que eles (os políticos) “fazem da política um meio de vida e brigam quando não os deixam mamar nas tetas do Estado”. Isso é Segundo Império? Até parece definição de políticos corruptos do século XXI.
Enfim, quem não for fazer vestibular deveria ler a obra e dar boas