Estudo de caso - burocracia chinesa

A necessidade da China em recrutar executivos do setor privado para postos chave em estatais é fruto das mudanças que vêm ocorrendo no mercado mundial nas últimas décadas. Tais mudanças são explicadas por Bresser-Pereira em “Capitalismo dos Técnicos e Democracia” (Revista Brasileira de Estudos Sociais – outubro de 2005). Dentre suas observações as principais são a de que o capital deixou de ser o fator estratégico da produção capitalista para dar lugar ao conhecimento, e ligado a isso, o surgimento de uma nova classe, a classe que possui esse conhecimento, os tecnocratas, ou técnicos, ou classe média profissional. Ainda, Bresser-Pereira explica como o surgimento dessa nova classe tornou possível a consolidação da democracia nas sociedades capitalistas. Sendo assim, como analisar a possibilidade de mudanças no perfil do executivo/burocrata chinês, com as novas demandas de mercado, como as apresentadas pelo assunto aqui proposto? Primeiramente serão analisados os aspectos da tese de Bresser-Pereira, para que seja elaborado um ponto de vista em paralelo.
De acordo com Bresser-Pereira, “... na medida em que as organizações substituíram as empresas familiares como unidade básica de produção, e na medida em que o conhecimento operacional se tornou o novo fator estratégico de produção, o controle da produção mudou de mãos”. O resultado foi que o capitalismo do capital se tornou o capitalismo dos técnicos. Isso ocorreu devido à própria evolução do capitalismo: “No mundo contemporâneo, instituições, organizações e redes são muito mais complexas, na medida em que incorporam um progresso científico e tecnológico cada vez mais sofisticado e que lidam com grandes organizações, regulando redes densas.”; “... na esfera econômica, as grandes corporações e todos os outros tipos de grandes organizações tornaram-se predominante em toda parte. As empresas exigiam empresários, as organizações precisavam de administradores ou técnicos ou profissionais abrangendo um espectro cada vez