Estratégias geopolíticas de construção da liderança do Brasil na América do Sul
A Segunda Guerra Mundial evidenciou a importância geopolítica da América do Sul na estratégia dos Estados Unidos, que necessitavam não apenas assegurar as fontes de matéria-prima – ferro, manganês e outros minerais indispensáveis à sua indústria bélica – como também manter a segurança de sua retaguarda e do Atlântico Sul. O Brasil fornecia aos Estados Unidos produtos agrícolas, borracha, manganês, ferro e outros minerais estratégicos. Mas sua posição no subcontinente, a América do Sul, revestia-se de maior relevância geopolítica, devido ao imenso espaço territorial e aos recursos que possuía e ao fato de ter fronteiras com todos os países da região (exceto Chile e Equador), ocupar grande parte do litoral do Atlântico Sul, defrontado com a África Ocidental.Nos últimos dez anos, as relações do Brasil com os outros países da América do Sul tiveram duas características fundamentais. Por um lado, observamos que o discurso oficial dá uma importância cada vez maior à região; também é possível observar um conjunto de numerosas iniciativas pontuais do governo, algumas de grande expressão política, como a criação da União das Nações Sul-Americanas.
Houve um projeto geopolítico para o Brasil, cujo objetivo era construir uma poderosa unidade sob a hegemonia brasileira, abrangendo a América do Sul, o Atlântico Sul e o Pacífico Sul-Americano. Essa possibilidade era admitida na perspectiva de que o País viesse a ser uma grande potência no século XXI. A partir da década de 70, o discurso geopolítico enfatizava o argumento de que ele já poderia ser candidato a esse status – o de grande potência regional. Tendo em vista sua base de recursos naturais e o crescimento de alguns indicadores econômicos, o Brasil poderia ser considerado uma potência média, capaz, dada a dinâmica de seu desenvolvimento, de desempenhar um papel internacional de crescente autonomia – o que poderia acelerar sua ascensão na