ESTIGMA E DISCRIMANAÇÃO – A AIDS E O MOVIMENTO HOMOSSEXUAL
5308 palavras
22 páginas
ESTIGMA E DISCRIMANAÇÃO – A AIDS E OMOVIMENTO HOMOSSEXUAL
Allan Greicon Macedo Lima
Instituto de Relações Internacionais
Universidade de São Paulo (USP), Brasil
A pandemia global da Aids emergente no início da década de 1980 trouxe consigo uma nova agenda a ser discutida: os Direitos Humanos, as organizações dos estigmatizados, a sexualidade, a xenofobia, os sistemas de saúde e o preconceito.
As ascensões da Aids e da Nova Direita de Reagan ocorrem simultaneamente nos EUA.
Este artigo busca mostrar como as políticas estadunidenses, neste governo “neoconservador” e numa sociedade já fortemente discriminatória, foram inicialmente punitivas, voltadas à estigmatização e a medo contra os homossexuais. Neste bojo, tentamos analisar o papel da sociedade civil, particularmente do movimento homossexual (posteriormente LGBT), para enfrentar a falta de igualdade e proteção. Afinal, com a advento da Aids, a política torna-se uma questão de sobrevivência: a falta do tratamento para soro positivos e a exclusão social já existente para os principais atingidos pela doença, como homossexuais, estrangeiros (particularmente haitianos), heroinômanos e hemofílicos, era fatal. A análise deste passado próximo é fundamental para pensarmos a atuação dos movimentos LGBT nacionais e internacionais, principalmente tendo em vista a onda conservadora que se impõe desde a crise de 2008.
Palavras-chave: AIDS; discriminação; homossexualidade
Estigma e Discriminação – A Aids e o Movimento Homossexual
Allan Greicon
“Se a AIDS ocupa parte tão grande de nossa consciência, é por ter sido interpretada como foi: modelo exato de todas as catástrofes que as populações privilegiadas julgam que as esperam” (SONTAG, 2007: 143).
1. Introdução
A pandemia1 global de Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) emergente no início da década de 1980 trouxe consigo uma nova e extensa agenda a ser discutida: o acesso à saúde pública, a desigualdade dentro e fora das fronteiras