Estagio curricular 4 pedagogia
Resumo: Baseado em pesquisa qualitativa numa escola pública de ensino fundamental de São Paulo, o artigo discute os critérios de avaliação escolar das professoras, apontando em que medida suas opiniões sobre masculinidade e feminilidade interferiam em seus julgamentos e o que era mais valorizado no comportamento de meninas e meninos. Conclui pela urgência de promover essa reflexão no campo educacional, pois, se já eram marcantes em sistemas de avaliação mais formalizados, com testes, atribuição de notas e organização da escola em séries, as hierarquias de gênero parecem tornar-se mais poderosas nas chamadas avaliações de processo, em curso na maioria das escolas brasileiras, a partir do sistema de ciclos.
Palavras-chave: ensino fundamental, avaliação, relações de gênero, fracasso escolar.
As estatísticas nacionais, embora precárias no que se refere à desagregação por sexo, não deixam dúvidas quanto à diferença de desempenho escolar entre meninos e meninas em todo o ensino fundamental e médio. Pode-se tomar os dados sobre evasão e repetência ou as informações sobre defasagem entre série cursada e idade da criança: qualquer dessas cifras indica que os meninos teriam maiores dificuldades escolares.
Antes, porém, de nos indagarmos sobre possíveis motivos para essa situação, é preciso atentar ao fato de que o conteúdo dessas estatísticas tem uma relação indireta com a efetiva aprendizagem. Por exemplo, os dados mais recentes apontam grande diminuição nas taxas de repetência, mas isso resulta principalmente de políticas educacionais de melhoria do fluxo, que conduziram à aprovação automática de alunos e, portanto, não reflete necessariamente uma real melhoria no acesso ao conhecimento.
Alunos e alunas estão permanecendo mais tempo nas escolas, repetindo menos de ano e afastando-se menos da atividade escolar, o que, sem dúvida, são avanços. Contudo, a pressão exercida sobre os professores para que aprovem o maior número possível de alunos, nas