Espiritismo
Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia ter investigado o fenômeno, que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se de uma estranha vitalidade. Apesar de inciais afirmações aparentemente céticas"Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé", assegurava que após dois anos de pesquisas, não tinha visto constatação de fraudes e nem um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também da possibilidade de ele ser causado por espíritos, Rivail, em lugar de dedicar o resto de sua vida à busca por "provar cientificamente" a explicação mediúnica para esses pretensos fenômenos, sagrou-se a explorar as consequências da hipótese de que fossem causados pela ação de espíritos.
Quanto à sua formação, pretendia ser discípulo de Pestalozzi, discípulo por sua vez de Rousseau, apesar da sua teórica pesquisa não seguir métodos estritamente científicosnaturalista. O seu intuito era dar algum suporte à espiritualidade humana numa época em que a ciência avançava a passos largos e as religiões perdiam cada vez mais adeptos. Kardec julgava ter encontrado um novo modo de pensar o real, que uniria, de forma ponderada, a ascendente Ciência e a decadente Religião.