Escravos, livres pobres, índios e imigrantes estrangeiros nas representações das elites no maranhão oitocentista.
No início do século XIX, aproximadamente um terço da população do país era constituída de escravos. Em algumas províncias, o contingente de cativos era mais representativo. No maranhão, correspondia a mais da metade da população. As elites afirmavam se esta a única mão-de-obra com quem podiam contar. E, tendo seu olhar direcionado por um etnocentrismo pautado na cultura europeia, viam esses africanos apenas como trabalhadores escravizados, aliás, os únicos que consideravam capazes de suportar os rigores do trabalho agrícola em regiões de clima quente e insalubre, por causa da proximidade com o Equador, e de uma vegetação difícil de ser domada. A pele negra era vista como um sinal de que os filhos da África estavam predestinados a viver em condições inóspitas e a suportar os piores flagelos.
Ao longo do oitocentos, a miragem do processo civilizatório levou os diferentes níveis de governo a criarem normas extinguindo algumas práticas proibitórias referente aos escravos, e coibindo outras tantas relativas a nudez, festas, trânsito dos escravos, etc. O objetivo era dar às cidades um aspecto civilizado, sem escravos pelas ruas, vestidos com farrapos ou sem o pudor esperados pela “boa sociedade” . Para evitar a ameaça representada pelos escravos que se insurgiam contra a ordem escravista fugindo de seus senhores, era mantida uma estrutura paramilitar, formada por capitães-do-mato e seus auxiliares, controlados pelos juízes de paz e assistidos por soldados carcereiros. Os senhores dos escravos pagavam pelos serviços, mas toda infraestrutura de pessoal era gerenciada pelo Estado.
No início do século XIX, no Maranhão, os demais segmentos sociais classificados como classes inferiores não eram vistos como mão-de-obra em potencial para a agroexportação, mas, como um empecilho ao avanço da conquista do território, impedindo o