EROTISMO SEXUALIDADE E G NERO SOBRE BATAILLE FOUCAULT E JUDITH BUTLER
Uma ciência que não apenas descreve, mas que também, e principalmente, produz. Uma ciência que, de forma muito peculiar, produz seus objetos: “O que acabamos por chamar de ‘sexualidade’ é o produto de um sistema do conhecimento psiquiátrico que tem seu estilo muito particular de raciocínio e argumentação”
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. Ou seja, assim o problema da sexualidade não se encontra na identificação de uma espécie de libido natural que deve se fazer sentir. O problema da sexualidade se transforma na descrição de modos de produção de corpos, histórias e identidades a partir das categorias de um discurso social fortemente normativo como a ciência. O que isto significa de maneira concreta? Tomemos como exemplo a invenção da homossexualidade como categoria clínica. Um fato que ocorre apenas em meados do século XIX com o estabelecimento do quadro das perversões através destes grandes tratados psiquiátricos como o
Psychopatologia sexualis
, de Krafft-Ebbing. De certa forma, nós podemos dizer que não era possível ser homossexual antes de meados do século XIX. Nós podemos mesmo dizer que não havia homossexuais antes de meados do século XIX. Claro que práticas homossexuais existiram antes e sempre existirão, mas não a concepção, tão evidente para nós, de que elas, por si só, definem uma identidade social em toda sua extensão, fazendo com que o conjunto dos atos, de modos de percepção sejam atos de um homossexual, modo de perceber de um homossexual.
Por exemplo, haviam práticas homossexuais na Grécia antiga, mas elas não eram uma questão em si, não estávamos em um mundo no qual classificava-se o comportamento de alguém a partir de suas preferências por pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto. A verdadeira questão definidora na Grécia era se alguém desempenhava ou não o papel de um agente passivo, se alguém era ou não capaz de ser senhor de seus desejos. Daí porque alguém como Foucault dirá: O que opunha um