Epistemologias
Jaqueline Santos Picetti
Como aprendemos?
Essa é uma pergunta muito importante para quem trabalha com o campo da Psicopedagogia, visto que a mesma trata dos processos de aprendizagem.
Conforme acreditamos que uma pessoa aprende, construímos nossas formas de ação com essa.
Há três maneiras de compreendermos a aprendizagem e as trago a partir das pesquisas e reflexões de Jean Piaget (1987, 1990).
EMPIRISMO – traz como concepção de aprendizagem a ideia de que o progresso intelectual é devido à pressão do meio exterior – pressão exercida pelos professores sobre os alunos.
Segundo essa concepção, as características do meio exterior são gravadas no espírito da pessoa, pouco a pouco. É ignorada a atividade intelectual em proveito da pressão exercida pelas coisas e pelas pessoas. A experiência impõe-se por si mesma, sem que o sujeito tenha de organizá-la, agir para constituir a própria experiência. A experiência é apenas recepção passiva (PIAGET, 1987).
É como se o sujeito fosse uma folha em branco onde o meio imprime os
“conhecimentos”. A aprendizagem é concebida como registro de dados exteriores (PIAGET, 1990). Nesse tipo de concepção de aprendizagem há a necessidade de manter os alunos em silêncio e prestando atenção no professor. O professor é o centro do processo, o transmissor dos conhecimentos e os alunos são os receptores dos mesmos.
Nesse tipo de concepção pode-se dizer que:
(...) configura-se o quadro da reprodução: da ideologia, do autoritarismo, da coação, a heteronomia, da subserviência, do silêncio, da morte da crítica, da criatividade, da curiosidade etc.
Nessa relação, o professor nunca aprende e o aluno nunca ensina. Nessas salas de aula, nada de novo acontece: velhas
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Síntese elaborada a partir da dissertação de Mestrado (UFRGS, 2002) “Movimentos de Exclusão
Escolar Oculta” e da tese de Doutorado (UFRGS, 2008) “Formação de Professores: da abstração reflexionante à tomada de consciência” de Jaqueline Santos Picetti.