Entrevista
Agradecendo ao leitor Ari a indicação de uma entrevista feita por um senhor que se chamava Mike Wallance, ao autor do Admirável mundo novo, Aldous Huxley. Dessa entrevista, muito elucidativa sob o ponto de vista do controlo social, destaco uma passagem relativa ao papel da educação na consciencialização dos sujeitos para o exercício da liberdade.
Entrevistador: A questão que continua presente na minha cabeça é: obviamente a política em si não é má, a televisão em si não é má, a energia atómica não é má mas você parece temer essas coisas sejam usadas de forma perversa. Por que é que as pessoas certas, em sua opinião, não vão usá-las? Porque é que as pessoas erradas usarão estes vários dispositivos e por motivos errados?
Aldous Huxley: Bem, eu acho que uma das razões é que esses são todos instrumentos para a obtenção de poder e a paixão pelo poder é uma das paixões que mais movimenta as pessoas. Afinal de contas, todas as democracias se baseiam na proposição de que o poder pode ser muito perigoso e que é extremamente importante não deixar qualquer homem ou qualquer pequeno grupo ter poder demais por muito tempo (...) e todos estes novos dispositivos são extremamente eficientes para a imposição do poder por grupos pequenos sobre grandes massas.
Entrevistador: Bem, você fez a pergunta a si mesmo e Inimigos da Liberdade, vou colocar-lhe a sua própria pergunta. Você perguntou isto: numa época de acelerada super-produção, de acelerada super-organização e de meios de comunicação mais eficientes do que nunca como podemos preservar o valor da pessoa humana? Você colocou a questão, tem a possibilidade de, aqui e agora, responder, Sr. Huxley.
Aldous Huxley: Bem, isso é obviamente... antes de tudo, uma questão de educação. Eu acho que é muito importante insistir nos valores assumidos pelo indíviduo (...) há uma tendência, como você deve ter lido num livro de Whyte, The organization man, um livro muito interessante e valioso, onde ele fala sobre