Ensaio sobre o conto Jardins Suspensos, de Antonio Carlos Viana
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José Gilmar Guimarães Reis gilmarte@hotmail.com “Sim, nada é mais difícil e delicado, até mesmo sagrado,quanto o ser humano. Nada pode igualar o poder voraz desses misteriosos elementos, que sem grandeza ou finalidade, nascem entre desconhecidos para acorrentá-los pouco a pouco com elos terríveis.”
Witold Gombrowicz - Bakakai
Antonio Carlos Viana, sergipano de Aracaju, mas já lhe disseram que ele nasceu aqui por acaso, seu lugar era Paris. É professor, é aposentado, é escritor. É artista! Um artista que pinta livros com palavras e cores.
Viana nasceu numa Aracaju cercada de mato, na qual ele andava léguas para chegar à cidade. Uma Aracaju provinciana, meio roça ainda. Viveu o que hoje não mais vivem as crianças que nascem nesta capital. Fez leituras “proibidas”.
Encantou-se com a beleza da literatura.
Morou no Rio de Janeiro, lá foi professor. Largou tudo para ser escritor. Seu destino eram as letras. Foi poeta, mas preferiu os contos por não se achar capaz de fazer o que João Cabral de Melo Neto fez. Virou professor universitário. Publicou.
Viajou a Paris, aquela que poderia ter sido sua cidade natal. Voltou Doutor.
Lecionou. Aposentou-se, mas nem por isso parou. Hoje ensina alunos a redigir.
Regressão? Não! Compromisso, com a língua, com a escrita, com a literatura.
Possivelmente vontade de dividir sua genialidade com outrem. Escreve contos.
Contos nus, crus, sem derramamentos, como o são as paisagens, pessoas e ações que ele retrata.
O conto Jardins suspensos, que faz parte do livro O meio do mundo e outros contos, e que também figura no livro Os cem melhores contos brasileiros do século, selecionados por Italo Moriconi, será o ponto de partida para este ensaio.
No referido conto, Viana utiliza-se de um narrador autodiegético que conta suas impressões, experiências, ainda na pueril idade da descoberta de si e do outro.
O autor dá um tom memorialista ao conto, característica dos escritores