Enfermagem
A culinária de uma sociedade é uma linguagem através da qual se traduz sua estrutura social. Os tratados culinários refletem o inconsciente da vida cotidiana de uma cultura, ao mesmo tempo em que, explicitamente, retratam uma época.
Pertence ao cotidiano da Antropologia a noção de que todo povo tem seu cardápio. Da mesma forma que socialmente o homem recebe regulamentos para a comunicação através de símbolos, ele estabelece normas para sua alimentação. Ao lado da linguagem, o processo de alimentação se coloca como um dos mais sofisticados produtos de uma cultura, e por isso a importância de um estudo antropológico do homem enquanto comensal.
Assim sendo, no decorrer de quinhentos anos de história da alimentação, o Brasil pode destacar, através de seu estilo de beber e de comer, de sua produção agrícola, de suas receitas, de seus comestíveis, enfim, de seu comportamento alimentar, a formação da identidade brasileira.
Portugueses e africanos, à medida que foram chegando e se fixando, formaram, ao lado dos amerabas, um verdadeiro mosaico étnico. Em todo território brasileiro, percebe-se claramente que, o traço da convivência desses ancestrais, ficou enraizado na cultura brasileira, onde a conjugação de saberes e sabores, paladares e aromas expressa a mais perfeita mestiçagem.
Essas influências se fazem notar em toda nossa cultura popular: na arte, na dança, na música, na religiosidade, no erotismo, nos mitos. Porém é na cozinha que a presença dos índios, negros e portugueses, desperta um dos maiores prazeres dessa mistura racial. A mesa brasileira, composta pelas "tradições indígenas, pelas iguarias africanas e pela suculência portuguesa", se expressa numa linguagem culinária que traduz com clareza nossa identidade.
A historiografia da alimentação recorta alguns aspectos sociais e econômicos que foram fundamentais na formação das tradições alimentares no Brasil, seja no plantio e no comércio, seja no consumo,